O Brasil entra em campo hoje, contra a Coréia do Norte, com uma equipe que não começou nenhuma partida jogando. Um time inédito.
Parece uma contradição para uma equipe que se formou mês a mês, nos últimos quatro anos, mas isso é a tradição na história das cinco conquistas brasileiras. Na história dos Mundiais, a seleção só estreou com uma equipe que se conhecia do goleiro ao ponta-esquerda em 1990, 1998 e 2006. Em todas as outras Copas, o Brasil entrou em campo com uma formação que nunca atuara junta.
A seleção que fracassou na Alemanha disputou a última partida das eliminatórias, contra a Venezuela, e os amistoso contra Nova Zelândia e seleção de Lucerna. O time de 1998 se conheceu no amistoso contra Andorra, e o de 1990 na derrota para o combinado da Úmbria.
Nas cinco vezes em que foi campeão, o Brasil estreou com formações inéditas. O time atual só ganhou o lateral-esquerdo titular, Michel Bastos, em novembro. Nos dois amistosos contra Inglaterra e Omã, que marcaram sua estréia, não estavam presentes o zagueiro Juan e o atacante Robinho. Em março, contra a Irlanda, novamente com Michel Bastos, o Brasil não teve Elano e Luis Fabiano.
Nos amistosos pré-Copa, Juan foi desfalque contra o Zimbábue e Júlio César contra a Tanzânia. Ambos estarão na estreia de logo mais contra a desconhecida Coreia do Norte. O goleiro, motivo de especulações depois da pancada sofrida no Zimbábue, se irritou ontem com um rumor de que ele teria operado hérnia de disco no passado. Garantiu que está 100% fisicamente para a estreia.
O mesmo fez Kaká, mas com uma importante ressalva. "Fiz tudo o que podia e devia fazer em relação à lesão. Não sei quanto tempo vou aguentar, espero que sejam os 90 minutos. A parte física vai determinar", disse.
"Somos um dos favoritos, mas não o grande. Tem Espanha, Alemanha, Portugal, Argentina, Itália... tantas outras seleções com chances", completou.
Kaká é um dos nove jogadores da seleção que já atuaram em um Mundial. Apesar de experiente, com a maior média de idade da história do Brasil nas Copas, o grupo é formado basicamente por jogadores que tentam controlar a ansiedade antes da estreia.
O mesmo serve até para Dunga, com três Copas como jogador, mas nenhuma como técnico. "Nosso tempo na seleção parece longo, mas ele passa muito rápido. Já faz quase quatro anos que a gente está na seleção, e sempre tem o gostinho de quero mais. A cada treino tem um friozinho na barriga. Você coloca o uniforme e pensa em quantas pessoas queriam estar aqui no seu lugar."
Dunga estremeceu a relação com a imprensa e fechou três dos últimos quatro treinos "para valer" da seleção antes do jogo, descontando o "rachão" de ontem no reconhecimento do gramado do Ellis Park. A Coreia do Norte, rival de hoje, não sofre pressão dos jornalistas. Os poucos que vieram fazer parte da imprensa oficial de um país que vive sob regime ditatorial. Abriu, no total de sua preparação, pouquíssimos treinos para a imprensa mundial.
"As 32 seleções que estão aqui têm condições, têm que ser respeitadas. Eles têm um time compacto, com velocidade. Tem três jogadores que atuam fora do país e isso ajuda bastante. É um time que se fecha e sai em velocidade, vamos ter que achar uma forma de superar isso", analisou Dunga.
FICHA TÉCNICA
BRASIL X COREIA DO NORTE
Local: Estádio Ellis Park, em Johanesburgo (África do Sul)
Data: 15/06/2010, terça-feira
Horário: 15h30 (horário de Brasília)
Árbitro: Viktor Kassai (HUN)
Assistentes: Gabor Eros e Tibor Vamos (ambos HUN)
BRASIL: Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká; Robinho e Luis Fabiano.
Técnico: Dunga
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