segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

14/12/2009 02:02:38 CALILA NOTÍCIAS Gavião: encapuzados invadem acampamento de sem terra e colocam fogo em barracos







Os carros chegaram sentido Gavião, sendo que o de cor prata ficou estacionado as margens da BR e o Pálio entrou no acampamento, fazendo o retorno no final, quando os homens jogaram gasolina e atearam fogo.

Cerca de trinta e seis famílias ligadas ao Movimento Sem Terra (MST), que estavam acampadas na Fazenda Tropical, as margens da BR 324, município de Gavião, foram surpreendidas na manhã de domingo (13), por volta das 09h, por oito homens encapuzados, que chegaram em dois veículos, sendo um Pálio preto e outro não identificado, sabendo-se apenas que era um carro prata, e, segundo o acampado Reginaldo Borges Soares, 46 anos, um deles pediu que retirasse o povo que eles iriam colocar fogo nos barracos. "Sair desesperado gritando e pedindo para todos saírem dos barracos e quando cheguei ao último, distante uns duzentos metros do primeiro, que já estava em chamas e pedi que um amigo fosse até o Gavião de moto chamar a policia", contou ao CN e concluiu que foi ameaçado por um dos encapuzado por tomar esta iniciativa.

Os carros chegaram sentido Gavião, sendo que o de cor prata ficou estacionado as margens da BR e o Pálio entrou no acampamento, fazendo o retorno no final, quando os homens jogaram gasolina e atearam fogo.

Maria da Glória Almeida de Souza, 40 anos, natural de Gavião, disse que pediu para eles terem "compaixão" e deixasse tirar pelo menos os objetos que estavam no interior dos barracos e não foi atendida. "O fogo se espalhou com muita rapidez e não deu tempo tirar nada", lamentou Glória que saiu às pressas do barraco temendo morrer queimada.

"Não deu tempo tirar nada, perdi tudo. Perdi as roupas, os livros dos meninos, os cartões da bolsa família, da aposentadoria do meu marido. Foi tudo muito ligeiro", contou chorando bastante Maria Iris, mãe de cinco filhos.

Na saída, um dos homens que estava no carro prata disparou três tiros, segundo Maria Aparecida. Ela disse que até as crianças foram agredidas pelos homens.

Deraldo Santos Souza teve um prejuízo grande, pois perdeu uma bicicleta, duas camas e tudo que estava dentro. Ele disse ao CN que estavam sendo ameaçado e reconheceu três dos homens que invadiram o acampamento, cujos nomes não quis falar na entrevista. "Os capangas da fazenda chegaram com violência contra nós. Eles derramaram gasolina nos barracos e depois tocaram fogo, mas por sorte ninguém ficou ferido", destaca Deraldo.

Os acampados estavam reunidos para viajarem a Salvador com o objetivo de pressionar o INCRA a resolver a situação da fazenda que vem se arrastando há quinze meses.

Neste período eles ocuparam a área interna da propriedade por duas vezes, ficando inicialmente por noventa dias, depois receberam ordem judicial para desocupar, ficaram trinta dias acampados em frente à entrada principal, depois decidiram por invadir mais uma vez, permanecendo sessenta dias, recebendo mais uma vez ordem para deixarem a terra e oito meses estão acampados entre a BR 324, Km 106 e a estrada da Odebrecht.

Segundo os integrantes do MST, a propriedade tem aproximadamente três mil tarefas e está abandonada pelos herdeiros de João Pereira, conhecido por Dão Dentista, assassinado juntamente com um dos filhos há quatro anos em frente da residência, na cidade de Riachão do Jacuípe.

Eles disseram que a propriedade é tocada por Leônidas Pereira, que utiliza a fazenda apenas para aluguel de pasto e só beneficiada a malhada onde fica a sede. Os trabalhadores agora exigem a intervenção do Ministério Público de Bahia, junto ao ouvidor agrário nacional, para dar fim à violência nas áreas de acampamento.

Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenh

Nenhum comentário:

Postar um comentário