Assunto gera polêmica em Minas Gerais e professora diz estar contente com a fama.
As aulas na Escola Estadual José Gabriel de Oliveira não são mais as mesmas desde junho deste ano, quando os decotes cavados da nova professora de ciências começaram a chamar a atenção dos alunos do sétimo ano.
Segundo relatos, enquanto a maioria dos meninos fixa os olhos no corpo da docente, as meninas demonstram incômodo - e a polêmica virou assunto entre pais, alunos e diretoria.
Foi necessário que, na tarde da última segunda-feira, a diretora da escola, situada em Vespasiano, região metropolitana da capital, pedisse à professora Alexandra Maria Aleixo, de 38 anos, que maneirasse na forma de se vestir. "Ela disse que eu estava causando tumulto na escola e que era para trocar minhas roupas. Que os alunos estavam dizendo que meus seios e bunda são gostosos, que eu sou gostosona", conta a professora.
A polêmica em torno da vestimenta da professora já dominava os corredores da escola, mas a docente disse que nem sabia o que estava ocorrendo. "Fui pega de surpresa. Não percebi nada, nenhum aluno nunca mexeu comigo, não que eu tenha notado", afirma.
Alunos, no entanto, dizem que é comum ouvir colegas de turma chamando a professora de gostosa durante toda a aula.
Para a direção da escola, o jeito de a professora novata se vestir não condiz com o ambiente escolar, frequentado por maioria adolescente. A diretora não foi localizada e apenas sua vice se manifestou. Sem querer revelar seu nome, disse que a professora foi chamada para uma conversa informal. "Tem que ter bom senso. Professor não pode vir dar aula com decote, senão desperta o interesse dos alunos. Não achei que fosse virar polêmica, pois ela disse que ia mudar", disse a vice-diretora.
Para a professora, o grande motivo da polêmica são seus atributos físicos. "Fui discriminada pelo meu corpo. Meu bumbum é grande, vou fazer o quê? Cortar? Vou ser punida por isso?", protesta Alexandra. Ela está terminando o curso de fisioterapia, também dá aulas de dança do ventre e faz trabalhos de estética, como massagens e limpeza de pele.
Caso Geisy Arruda seria inspiração
Segundo uma supervisora da Escola Estadual José Gabriel de Oliveira, que preferiu não se identificar, a professora Alexandra Maria Aleixo chegou a questionar a direção da escola sobre o pedido de mudar seu jeito de se vestir. "Ela até lamentou nenhuma mãe não ter chamado a imprensa, assim teria ficado famosa e até posado nua, feito a Geisy Arruda. Ela mesmo lembrou isso", contou a docente, citando o caso da universitária coagida dentro de uma faculdade paulista por usar um vestido curto.
A diretora da escola também disse a Alexandra que a mãe de um aluno do 7º ano estava preocupada com o filho, que estava perdendo noites de sono pensando na professora recém-chegada à escola. Apesar do questionamento, a vice-diretora informou que Alexandra é uma boa professora e que seu contrato temporário com a escola tem vigência até dezembro deste ano.
Embora Alexandra Aleixo afirme que foi pega de surpresa pela "reprovação" da direção da escola, alguns alunos admitem que os trajes da professora mexem com eles. "Os alunos ficam a aula inteira chamando a professora de gostosa, mas ela finge que nem é com ela", disse um aluno.
Humilhação
"Fui discriminada pelo corpo que tenho e estou pensando em buscar meus direitos". A professora disse que não retomará as aulas na escola. "Não volto", afirmou.
Estarrecida com a repercussão do caso, a diretora Vânia Rosália afirmou que seu intuito foi apenas alertar a professora sobre a inconveniência de ela usar decotes e roupas curtas em sala de aula. "Eu também gosto de usar roupas exuberantes, mas em local apropriado."
Nitidamente empolgada com a repercussão do caso, Alexandra mal apareceu no noticiário e já foi reconhecida na rua. "Não esperava esse assédio, mas estou gostando", disse a loira, que, ontem. Estudante de fisioterapia, Alexandra também trabalha com serviços estéticos.
Geisy critica
Ao ser abordada pela direção da escola, Alexandra teria se lembrado do caso Geisy Arruda, a universitária paulistana que alcançou fama após ter sido discriminada, disse a diretora.
Geisy, a original, evitou comentar o caso, mas disse que recrimina pessoas que ‘sobem na vida’ querendo se aproveitar de outras. "Se quer fama, tem que ser pelo talento e mérito. No meu caso, fui humilhada, não foi brincadeira".
Sobre ser considerada a "Geisy de Minas", a professora disse que "acharia ótimo". "Também aceito convites para ser modelo e fazer ensaios fotográficos", emendou.
Fama e propostas
Hoje, os decotes da professora Alexandra Maria Aleixo, 38, irão chamar, pela última vez, a atenção dos alunos da Escola Estadual José Gabriel de Oliveira, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. Após decidir não dar mais aulas, ela deve ir ao local assinar a dispensa.
Agora, a prioridade de Alexandra será curtir seus 15 minutos de fama. Desde o início da semana, ela se dedica quase integralmente a atender telefonemas com as mais diversas propostas. "Só hoje (ontem), recebi mais de cem telefonemas", comemora. Por enquanto, porém, ser reconhecida nas ruas é o maior feito da docente. "Fui à praça Sete e todo mundo mexeu comigo. Até desfilei", conta, empolgada. "Estamos curtindo, mas ainda não sabemos como lidar com isso", completa Gervásio Gomes Júnior, marido da professora.
Animada com o assédio, a professora torce para que as propostas resultem em ganho financeiro. "Minha casa é alugada e meu sonho é comprar um imóvel próprio", declara. Alexandra decidiu abandonar as aulas após sentir-se discriminada pela direção da escola, que a pediu que evitasse dar aulas com roupas insinuantes.
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