quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Audiência Pública discutiu Segurança na Bacia do Jacuípe e família levou caixão para o local

O encontro contou com a presença do secretário de Segurança Pública do Estado, César Nunes e representantes dos 14 municipios da bacia do jacuípe

Sete prefeitos, dos quatorze municípios pertencentes ao território do Jacuipe, além de representantes da sociedade civil, participaram terça-feira (10) de uma audiência realizada no Centro de Formação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riachão do Jacuipe, promovida pelo Conselho de Desenvolvimento da Bacia do Jacuípe, para discutir Segurança Pública no Território.

O evento começou com 90 minutos de atraso por causa de uma mudança na agenda do secretário estadual de Segurança Pública César Nunes, e discutiu por duas horas medidas para garantir a redução da violência e formulou propostas de segurança na Bacia do Jacuípe.

Para a deputada Neusa Cadore, uma das incentivadoras para realização da audiência, a mobilização de todos os setores da sociedade é fundamental para a discussão e elaboração de medidas efetivas de combate e prevenção à violência e para a construção de políticas públicas de segurança na região.

Codes Jacuipe - Coordenado pelo prefeito de Pintadas Valcir Rios (PT), o território do Jacuipe é composto por 14 municípios e tem uma população de aproximadamente 240 mil habitantes, cuja renda principal é a economia rural. Segundo Rios, o agricultor está com medo de permanecer no campo por causa da violência no meio rural e "se faz necessário a presença de uma polícia especifica para esta região".

Mostrando a gravidade do problema, o prefeito de Pintadas informou ao secretário que as feiras-livres estão diminuindo em todas as cidades, pois as pessoas ficam com receio de deixar suas casas fechadas e quando retornarem encontrar arrombadas.

O prefeito de Riachão do Jacuipe, a segunda maior cidade do território, Lauro Falcão (PMDB), lamentou a saída da CAEL, conhecida por policia da caatinga, da região e durante o pronunciamento, apelou para o secretário Nunes que autorizasse o seu retorno, pois a prefeitura continuaria dando todo apoio.

Riachão do Jacuipe tem uma área territorial de 1.199 km², com uma população de aproximadamente 36 mil habitantes e conta apenas com um efetivo policial de 23 policiais militares, com duas viaturas e duas motos.

A Câmara de Vereadores do município, segundo informou o vereador José Nivaldo Cordeiro (PRB), conhecido por Ninho Moto Boy, se reuniu na sexta-feira e elaborou uma pauta de reivindicações que foi entregue ao secretário César Nunes. Dentre as reivindicações, os vereadores solicitaram viatura para policia civil, aumento do efetivo da PM, o retorno da CAEL e a criação do posto policial para o distrito de Barreiros.

Para o juiz da comarca de Riachão, José Ferreira Filho, a comunidade esta com um sentimento de desproteção e esta querendo uma solução para aliviar o medo. Há exemplo do prefeito Laurinho, o Juiz Ferreira Filho, falou sobre a importância do retorno da CAEL. "O juiz como cidadão tem o mesmo sentimento do povo", assim concluiu o pronunciamento Dr. Ferreirinha.

O prefeito de Baixa Grande, Gilvan Rios (PT) disse que a situação em seu município é a pior de todas, pois de uma só vez foram assaltados os dois bancos e a comunidade aplaudiu os assaltantes e vaiaram a policia.

Ele citou o caso de um frentista que foi vitima de assalto por dois menores que moram em frente ao posto de gasolina. "Eles foram presos, os produtos do roubo recuperado e agora, depois de solto, estão ameaçando a moça de morte e ela quer sair da cidade", contou o prefeito. Em Baixa Grande têm acontecido todos os tipos de delito, roubo as residências, motos, gado, "enfim, tudo que se pode imaginar e nós solicitamos providências ao secretário para que o nosso povo tenha mais tranqüilidade", concluiu Rios.

A situação no município de São José do Jacuipe, segundo o prefeito Antonio Roquiides Vilas Boas Almeida, não é diferente. "Só temos uma delegada e quatro PM e nosso município é grande, pois temos duas sedes, São José e Itatiaia, além de ficarmos próximo a Capim Grosso e as margens da BR 324", destacou Almeida. Ele disse que a prefeitura tem apoiado a manutenção da policia, mais faz necessário a presença efetiva do estado.

Para José Paulo, presidente da UNICAFS/Nacional, que representou a sociedade civil, o governo tem que aparelhar mais as delegacias com computadores interligados à internet e impressora. Ele lembrou a precariedade da delegacia de Santaluz, município pertencente ao território do sisal. "Não tem um computador bom, não tem viatura da policia civil, um agente de policia dar plantão durante oito dias e tudo isto relatamos através de oficio ao secretário e esperamos que sejamos atendidos", falou Zé Paulo.

O líder cooperativista reconhece que a solução não é apenas um trabalho de policia, mais de toda sociedade, principalmente da família. "Agora, é necessário um integração entre as secretarias e deve acontecer uma integração com a Secretaria de Ciência e Tecnologia para tender a todas as delegacias com um sistema de informática moderno", concluiu.

Audiência positiva - Para o secretário César Nunes, a audiência foi muito positiva. Segundo ele, foi um momento para ouvir as bases e as comunidades e de concreto, "determinamos a presença da CAEL, não de forma permanente e sim através de ações, além da garantia que tão logo seja licitada e adquirida os veículos, serão enviados para todos os municípios do território que ainda não possuam".

O Secretário disse que não é favor de criar grupos na policia a exemplo da CAEL. "Sou a favor que seja fortalecido as companhias e os pelotões de cada município, pois o policial que trabalha permanente na cidade conhece o povo e sabe quem é quem, além de ter uma interação maior com a população e o que devemos é fortalecer estas policias civil e militar", finalizou.

Familiares levaram o corpo para audiência - O trabalhador rural Aloísio dos Santos Silva, 43 anos, conhecido por Nini, residente na Fazenda Abobora, 14 km de Riachão do Jacuipe e no Km 69 da BR 324, foi vitima de agressões a pauladas deferidas por dois homens de identidade desconhecida, quando tirava leite no curral da fazenda do empresário conhecido por Edmundo da Cresau, ás 05h da manhã de quinta-feira (05).

Segundo a sobrinha Ana Lima Santiago, o tio tinha problemas mentais, porém não impedia trabalhar e costumava andar com muito dinheiro na carteira e no dia do crime, estima-se que ele estivesse com R$ 3.000,00.

Ele foi encontrado caído dentro do curral por outro sobrinho e a policia já sabe que duas ou três pessoas participaram do latrocínio, pois testemunhas viram passar correndo e suas prisões é questão de tempo, garante o delegado de policia de Riachão, Carlos Baqueiro.

A vitima foi reanimado por uma irmã com quem ele morava a cerca de 200 metros do local da agressão, segundo ela, ele foi andando com ajuda dela e de um filho, mas não sabia contar o que tinha acontecido. "Ao chegar a casa sentou-se no sofá e minutos depois começou a vomitar e sangrar pelo ouvido e nariz. Pediu para deitar um pouco e voltou a apresentar sangramento", foi quando o levaram para o hospital em Riachão do Jacuípe, e diante do agravamento do quadro de saúde foi transferido para o Hospital Geral, em Salvador, onde permaneceu internado por cindo dias, vindo a falecer na manhã de segunda-feira.

Antes do sepultamento, os familiares resolveram fazer um protesto e levaram o caixão para a Prefeitura, Fórum e ao tomarem conhecimento da presença do secretario de Segurança Pública no Centro de Formação do Sindicato, subiram para o primeiro andar, onde iria acontecer a audiência e colocaram sobre a mesa dos trabalhos, onde ficariam as autoridades, sendo retirado depois de um pedido dos policiais, mesmo assim permaneceram em frente do local da audiência. Decididos a permanecer até a chegada do Secretário César Nunes, os familiares, que portavam faixas pedindo justiça foram convencidos a continuar o cortejo fúnebre, sepultar o agricultor e depois retornarem para o evento.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Renivaldo Miranda,disse que "infelizmente aconteceu este caso e foi justo o movimento de reivindicação da família".

Mimi era solteiro, recebia um salário desde que sofreu uma queda e que ficou impossibilitado de trabalhar. Segundo os familiares, ele vinha sempre sendo advertido em evitar sair com dinheiro, e que tinha o bolso como local mais seguro para guardar.

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